A equipa do "África" - eu e a Ana Consolado - fomos integrados num grupo de jornalistas considerados verdadeiramente independentes, depois de uma reunião havida com o Chico Simons, que, nessa altura era o Adido de Imprensa da Embaixada de Angola. Ele percebeu claramente o interesse de mostrar a realidade em órgãos de comunicação social diferentes daqueles em que habitualmente apareciam as reportagens sobre Angola. Infelizmente o Simons já nos deixou, mas aproveito para lhe prestar aqui a minha homenagem. Foi através dele, da mulher dele, a João, e do Embaixador de então, Rui Mingas, que Angola se abriu à comunicação social considerada "independente".
Todavia, no terreno, as intenções não foram entendidas por todos e, quando chegámos fomos integrados num grupo de jornalistas do chamado mundo socialista, que, incluía, ovbiamente, cubanos. Depois de uma primeira viagem, protestámos e lá ficámos sózinhos, isto é, um grupo de jornalistas que incluía os que tinham ido de Lisboa e alguns idos dos Estados Unidos, de diversas cadeias de televisão e de alguns jornais.
Sobretudo para os repórters de imagem o interesse era acção: queriam ver a guerra, ela mesma.
Na altura, era ministro da Defesa, Kundy Payama, que resolveu, no Kuíto, fazer conferência de imprensa para dizer "nada". Ninguém lhe ligou "nada". Houve mesmo um repórter de uma das cadeias norte-americanas que foi colocar-lhe a câmara aos pés.
Payama fingiu que não me conhecia, tentou fazer o discurso da simpatia e acabou por ficar a olhar para o céu.