2007/08/12

A História feita pelo "Africa" (1)


As notícias que chegam da Guiné Bissau são preocupantes, cada vez mais: é o corolário do pós-14 de Novembro de 1980, data de um golpe de estado promovido por forças que fizeram de Nino Vieira o presidente da República, sendo ele, na altura, primeiro-ministro. A partir daquela data a incapacidade de os guineenses montarem um Estado foi-se acentuando.
Em Junnho de 1986, Nino Vieira mandou fusilar seis ex-combatentes da luta de libertaçâo, considerados seus rivais na disputa da presidência da República. Um deles foi Paulo Correia, cuja imagem reproduzo aqui, tirada da primeira página do nº de 23/7/86 Os outros foram Viriato Pan, Binhaquerem Na Tchanda, Pedro Ramos, Braima Branquita e Nbana Sambu.
No nº de 23/7/86, o Jornal "África, além de interrogar se Nino seria o próximo, dava a notícia, dizendo que aquele "crime legalizado" poderia "arrastar a Guiné Bissau para a desintegração como Estado uno e Independente".
No nº anterior, de 11/6/86, na minha crónica com o título genério "DIRECTA", cuja imagem também aqui reproduzo, para além de manifestar as minhas dúvidas sobre a possibilidade de Paulo Correia entrar numa aventura de golpe de Estado, eu chamava a atenção para o facto de a Guiné Bissau, como Estado, estar a ficar com a fome e a guerra como únicas alternativas. Foi o que aconteceu de lá para cá.
O responsável pelo actual estado de coisas, pela verdadeira insolvência do estado da Guiné Bissau é Nino Vieira, que, durante muito tempo, para sobreviver fez prevalecer a sua condição de chefe de estado junto das "duas Chinas ". Sempre que visita Taywan recebia uma avultada quantia numa das suas contas bancárias. Agora, de novo presidente da República, como não pode fazer o mesmo jogo, transformou o território em zona de passagem de droga. A Guiné Bissau, não sendo um estado credível, começa a ser, de facto, um perigo para a região e não só.
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1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho a colecção completa do jornal AFRICA. Guardo religiosamente junto de muita outra documentação africana, com esperança que o bicho não dê cabo de tal espólio.
Vou ficar atento pois à recordação / revivalismo daquele semanário, do qual eu discordava na maioria do seu conteúdo mas não dispensava.
C. Serra