Hei-de falar da estratégia do "África". Tenho a esperança de, desse modo, comunicar alguma coisa de interessante. Mas, agora, já que estou com a mão na massa, aproveito para fazer uma comparação de estratégias políticas: Pedro Pires e o PAIV construiram um país a partir da fome e das pedras. Edificaram-lhe fundamentos sólidos: identificação cultural e prestígio internacional, feito de seriedade, com reivindicação a ter uma voz.
Carlos Veiga e o MpD dividiram a sociedade cabo-verdiana, destruiram a credibilidade internacional, deixaram de ter voz activa no Mundo e abalaram profundamente a definição cultural do povo residente em Cabo Verde.
Como pequeno pormenor nesta estratégia, Carlos Veiga e o MpD atacaram, tentando destruir, o único órgão de comunicação social que prestigiava o país e o integrava no contexto internacional, valorizando as suas iniciativas diplomáticas e salientando o processo de desenvolvimento económico. social e político existente.
E porquê tentaram destruir?: porque imaginaram que os seus objectivos políticos não seriam entendidos pelo "África", pelo seu director e pela sua Redacção. Preferiram mesmo abrir logo as hostilidades, assim que ganharam o poder.
Cada dia que passa me leva à convicção de que Pedro Pires cometeu um erro imperdoável, de grande ingenuidade, ao pensar que, sendo o "África" conveniente a Cabo Verde também o seria para Carlos Veiga e o MpD.
Eram estratégias opostas: com Carlos Veiga e o MpD acabou-se a política dos pioneiros, dos construtores e iniciou-se a política da gestão dos interesses. Era perigoso apoiar um jornal com estratégia e pensamento próprios. É que, mesmo havendo concordância com Pedro Pires (sobretudo), o África publicou alguns textos que lhe deram algumas dores de cabeça.
Ainda a propósito da morte de Renato Cardoso, o "África" publicou um texto assinado por Alfredo Margarido que falava de uma cabala perfeitamente fantasiosa, mas, mesmo assim, por respeito a um colaborador de méritos firmados, sempre com opiniõs polémicas, foi publicado, na certeza de que os leitores entenderiam estas razões. Alguns entenderam, outros, alguns dos quais eram colaboradores próximos do primeiro-ministro de então, não perceberam...
Uma última questão: quando se fala em apoio ao "África", não se está a falar em compra/venda. o "África" não era vendável, o seu director nunca se vendeu, continua a não ser vendável e, na sua Redacção só havia gente honrada, uns já com grande prestígio profissional e outros que o vieram a adquirir, graças ( ainda hoje o dizem) à verdadeira escola de jornalismo que aquele jornal foi. Teremos, seguramente, oportunidade para citar os nomes. Agora estou com pressa de resolver esta questão eterna dos financiamentos. Não posso permitir que se continue a lançar o anátema sobre um dos projectos da minha vida e não posso consentir que os meus filhos, por essa razão, possam vir a ter menos orgulho nas capacidades e na obra do pai.
Repito mais uma vez - e esta - neste blog é definitiva: jamais escrevi alguma coisa porque me tivessem pago para o fazer. Nunca o conseguiria assim como nunca consegui pagar a ninguém para escrever alguma coisa que me fosse favorável ou às empresas em que trabalhei. Há gente muito importante neste país que o sabe.
Talvez Carlos Veiga também o soubesse, já que ele também sabia das dificuldades que o "África" tinha de vencer para veicular as suas notícias, os seus comentários, as suas opiniões.
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