2005/08/09

Para o Curriculum

Deste modo me transformei no primeiro jornalista português a ser expulso de um país estrangeiro. Faz parte do meu curriculum.
E como reagiram a empresa para quem trabalhava,os meus camaradas de profissão e o Sindicato?
A empresa denunciou unilateralmente o contrato que tinha assinado comigo por dois anos. Valy Mamede atribuía-me não sei bem que culpas. Em última análise, para ele, eu "era um perigoso comunista".
Os camaradas de profissão, a Júlia Fernandes, minha boa amiga, que nessa altura trabalhava no Jornal da Dois convidou-me a ir lá. Fui entrevistado pelo António Santos.
Nos jornais, nada. O Diabo aproveitou, mais uma vez, para se meter comigo .- ódios que nunca entendi, não conhecia lá ninguém e o Sindicato fez um comunicado redondo quase um mês depois.
Claro que não aceitei a decisão de rescisão unilateral do contrato. Não havia a mínima hipótese de culpa da minha parte. Recorri ao advogado do Sindicato, Serras Pereira.
A guerra entre Valy Mame de e JMBarroso estava cada vez mais acesa. Fialho de Oliveira fazia de almofada e Carlos Machado de conselheiro.
A situação era insustentável para eles e para mim e acabei por ser eu a sugerir-lhes a solução: a ANOP não tinha delegação em Cabo Verde, cuja capital, do meu ponto de vista, seria muito mais interessante do ponto de vista noticioso que Bissau.
Havia lá, contudo, um correspondente, o João Galamba, que estava em regime de cooperação no Voz di Povo. Desde que a ANOP lhe oferecesse um contrato como correspondente em Bissau, com entrada garantida nos quadros da agência, ele aceitaria seguramente a troca. Eu iria abrir uma delegação na cidade da Praia.
Foi o que aconteceu. Para o João Galamba a troca só teve a vantagem de ter arranjado um emprego, porque a verdade é que ele estava muito melhor em Cabo Verde do que acabou por ficar em Bissau.

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